Singral Cimeiro - Campelo (Figueiró dos Vinhos) -Coordenadas: 40.04141/-8.23801 Altitude 673 Mts. -Com estação de Radioamador - Indicativo : CT1EIU

quarta-feira, 29 de março de 2006

Carta ao Presidente da câmara a propósito da estrada.


José João Reis Farinha
Singral Cimeiro
3260–225 Figueiró dos Vinhos
Telef. 236438699
Email: reisfarinha@sapo.pt


Exmº Sr. Dr.Fernando Manata
Presidente da Câmara Municipal
de Figueiró dos Vinhos


6 de Setembro de 2004
(Registada c/aviso de recepção)



Desde muito cedo senti um grande apelo às vivências nas localidades mais no interior, mas cedo fui ‘arrancado’ das minhas origens e foi, com cerca de três anos de idade, que me vi rodeado de cimento, asfalto e relacionamentos impessoais característicos das grandes metrópoles.
Após um percurso muito diversificado, tendo passado por várias grandes cidades, até no estrangeiro, eis chegado um dia em que um amigo me levou a conhecer a aldeia onde terão nascido os seus pais. Não sei se pelo seu aspecto selvagem ou pelo divórcio com o chamado ‘mundo civilizado’, rapidamente me enamorei pelo local. Era uma aldeia perdida numa das encostas da serra da Lousã sob a jurisdição do Concelho de Figueiró dos Vinhos – Singral é o seu nome.
Animado de um espírito pioneiro, cansado da vida da cidade e empurrado por uma situação de desemprego despoletado sem qualquer previsão, vi de imediato que aqui seria o local ideal para prosseguir a minha vivência. Após já ter investido as minhas parcas economias na recuperação de uma pequena casa, decidi, com a minha cara metade, dar um pequeno contributo para o repovoamento do interior – iniciou-se aqui um novo ciclo na minha vida.
Comecei a tentar conhecer os hábitos e gentes da região, assim como as forças vivas da mesma, até que, chegou a vez de me apresentar ao poder autárquico. Deste modo, após vários contactos informais, cheguei à fala com V.Ex.ª e, timidamente, mas com a convicção de que estaria a pedir algo que, ao invés de uma benesse, antes se trataria de um direito, fiz sentir a necessidade de um ‘acesso’ condigno a esta aldeia de modo que, não só as pessoas que cá estão em permanência, mas também os que cá vêem em visita mais ou menos regular, pudessem deslocar-se à aldeia em segurança e com alguma qualidade.
Assim, em Novembro de 2003 V.Ex.ª prometeu que iria proceder a arranjos ao acesso Alge – Singral. No Natal de 2003 já pudemos circular um pouco melhor no dito caminho graças a uma reparação de compromisso em algumas crateras do caminho, efectuadas pela autarquia, atitude esta que ajudou a reforçar a convicção de que a promessa feita por V.Ex.ª se iria cumprir. A promessa foi de que até Agosto de 2004 a estrada iria ser toda arranjada, não podendo, no entanto, ser toda asfaltada (seria só metade), a outra metade ficaria para outra altura, apenas seria arranjada e batida, isto por razões orçamentais e não por falta de vontade. Deste modo, desde Janeiro do ano corrente até 15 de Julho ( mais ou menos), um camião camarário foi despejando aqui e acolá montes de ‘gravilha’ ao longo dos 3,3 Km de trajecto, operação lenta que fez com que a primeira ‘gravilha’ fosse desaparecendo e ficando dispersa, enquanto a mais recente no topo do caminho ia criando dificuldades de circulação. Mas como era para uma causa nobre fomo-nos moldando à ideia e aguentando, na expectativa de os trabalhos a sério começarem.
Já em Abril, o Sr. Vice – Presidente Pedro Lopes me reiterou que a estrada iria ser arranjada o mais tardar até Agosto deste ano, tudo dependia de uma adjudicação que tardava. Lá fomos esperando, espalhando a notícia a todos os interessados, pois é uma obra ansiada e prometida á décadas e com muita importância para impedir a desertificação do lugar. Desta vez, e graças à expectativa criada por V.Ex.ª, estávamos todos convencidos que a obra ia finalmente chegar a bom termo.
Contudo, inexplicavelmente, constata-se que após uma breve incursão de uma máquina ‘niveladora’ que, atabalhoadamente, em meados de Julho, por aqui andou a espalhar a ‘gravilha’ que ainda restava, nem sequer as valas de escoamento das águas soube fazer, deixando antes a ‘gravilha’ excedente a entupi-las. Quando chegada ao Singral, conseguiu fazer algo ainda mais inexplicável: destrui-nos o único meio de captação de água que dispomos ( construção caseira), rebentando a conduta de abastecimento, o cabo eléctrico da bomba, e ainda danificando a fossa da minha casa que foi construída por mim com muito esforço e suor. Segundo julgo saber, por informação de um vizinho, pois eu estava e trabalhar em Castanheira de Pêra, até esteve presente um Sr. Engenheiro (?) e um Sr. Vereador.
É certo que um acidente qualquer um pode ter, mas o que mais me incomoda foi a total ausência de contacto connosco após este desagradável incidente. Estive três dia sem água e tive que ser eu e mais um vizinho a reparar os danos da captação da água; quanto á fossa continua danificada.
Já estamos em Setembro, e não houve mais sinais de vida desta equipa que viria arranjar a estrada, e quanto aos danos efectuados nem uma explicação!
Assim, depois deste preâmbulo longo e talvez fastidioso, pergunto a V.Ex.ª afinal que ‘volteface’ foi este? V.Ex.ª criou em todos nós no Singral, nos habitantes permanentes e temporários, falsas expectativas. Afinal gastou-se recursos em pessoal, máquinas e materiais (‘gravilha’) para nada. As chuvas já começaram e a estrada vai ficar igual em pouco tempo – a quem interessa esta situação? Nós, sinceramente, temos muita dificuldade em entender tudo isto, mas, se por acaso, a análise da questão não for como vemos, então gostaríamos que V.Ex.ª se prontificasse a esclarecê-la, para dar continuidade á confiança que os habitantes deste Concelho depositaram em si.
Mais acrescento que, até para quem leu o último Boletim Municipal, ficaria a pensar que as acessibilidades para o Singral estão consolidadas.
Uma coisa eu prometo a V.Ex.ª, não vai ser por tudo isto que me vou embora do Singral, farei tudo o que estiver ao meu alcance para sensibilizar quem de direito para que esta situação se resolva. Só espero não ter que recorrer á aquisição de um burro para fazer os 3,3 Km que medeiam entre o Singral e Alge até que isso aconteça.

Sem mais de momento, e na expectativa do seu melhor acolhimento, somos:
( 14 Subscritores)

1 comentário:

  1. então ja tem alguns metros de estrada com alcatrão? pela discrição do lugar bem merece!vá lá uma forcinha sr. Presidente.

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